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O concelho de Alcácer do Sal vive e respira tradição. Entre nesta secção e fique a conhecer melhor algumas das tradições mais marcantes, desde as comemorações de São João, a PIMEL, o Festival Sabores do Sado e a Feira do Torrão à Festa dos Malteses, a Feira Nova de Outubro e o madeiro de Natal de Santa Susana.
Segundo a documentação existente, a Feira do Torrão realizava-se inicialmente no sítio do Sado, provavelmente em São Romão, no dia 10 de agosto, tendo sofrido depois um interregno por tempo indeterminado, talvez causado pelos 28 anos da Guerra da Restauração (1640-1668).
No início do século XVIII, o juiz e mordomos da Confraria de Nossa Senhora do Bom Sucesso (localizada na ermida de São João dos Azinhais) enviaram uma petição a solicitar ao rei D. João V licença para que, no sítio de São João, tivesse lugar no dia 5 de agosto uma feira anual, cujas receitas reverteriam para a confraria. A favor desta petição estava o Provedor da Câmara de Beja e a vereação da Câmara do Torrão.
Após os pareceres favoráveis foi passado um Alvará datado de 12 de julho de 1718, pagando-se ao tesouro régio as custas do processo, superior a 200 réis. Pouco depois tinha lugar a primeira feira no adro da dita ermida.
Uma década volvida, em 1729 é referido que a feira anual tinha lugar no dia 2 de agosto, desta vez na vila do Torrão num terreno alugado pela Confraria do Bom Sucesso. Por Provisão Régia de D. João V, datada de 24 de março de 1729, foi determinado que o dinheiro obtido pelo terreno arrendado para a feira seria usado para erguer uma Ermida à Nossa Senhora do Bom Sucesso, no sítio do Mosteiro Velho, como era desejo da confraria.
Desde o século XVIII até ao presente pouco mais se sabe sobre a história deste evento para além de que, antes de 1959 e alguns anos depois, a feira acontecia na área onde agora fica o quartel dos Bombeiros Mistos do Torrão, estendendo-se até ao jardim público do Torrão. Em ano indeterminado, mas antes do 25 de Abril de 1974, a feira ocorria num vasto terreiro junto à estrada nacional que vai para Beja, ao lado da extinta ermida de São Roque. A partir do ano 2000 a feira é feita no local aonde atualmente é efetuada, ao lado da estrada nacional que vai para Vila Nova da Baronia, ao lado do moinho de vento aí existente e a poucos metros da Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso.
A Feira Nova de Outubro nasceu de uma Provisão enviada para a Câmara Municipal de Alcácer do Sal, datada do dia 13 de março de 1782, reinado de D. Maria I. Nela determina-se que no primeiro domingo de outubro de cada ano haveria uma Feira Franca por três dias. Julga-se, à semelhança de outros documentos do género, que se tratou de uma iniciativa camarária a pedido da população do município para, desta forma, poder escoar parte da sua produção agrícola, assim como agilizar as trocas comerciais a nível regional.
Gradualmente o certame ganhou o seu espaço específico, sendo uma das marcas identitárias do município, atraindo em cada ano mais gente.
Apesar de quase não existir informação sobre a feira, pensa-se que inicialmente esta se realizaria num dos largos da vila e só em 1908 terá passado a localizar-se junto à Praça de Touros, espaço que ainda hoje ocupa.
No início do século XX, o barco a vapor Sado fazia carreiras especiais para trazer as gentes de Setúbal que queriam vir à feira. Atualmente, todos os anos no início de outubro (com a realização da feira a apanhar o primeiro domingo do mês) inúmeras pessoas viajam até Alcácer para adquirir, entre outros produtos, os tradicionais figos e nozes, para passear na feira ou assistir à corrida de toiros. Além de um evento comercial, a Feira Nova de Outubro é uma ocasião de convívio único entre todos os alcacerenses.
Em setembro, mês de São Miguel, realizava-se junto ao Santuário do Senhor dos Mártires a Festa do Bom Jesus dos Mártires, mais conhecida por Festa dos Malteses. Os “malteses” eram homens que andavam de terra em terra, carregando consigo pouco mais do que a roupa que traziam no corpo, uma manta e um bordão. Percorriam os montes e as pequenas povoações pedindo abrigo e comida. Na Festa do Bom Jesus dos Mártires faziam-se peditórios a favor dos malteses que afluíam a Alcácer por ocasião da festividade, daí que tenha ficado conhecida por Festa dos Malteses.
Com um caráter religioso e pagão, a festa durava três dias, de sábado a segunda. Havia uma missa cantada e realizava-se uma procissão. No recinto da festa faziam-se quermesses e várias barracas vendiam bebidas, frutas, pirolitos (uma espécie de chupa-chupas feitos à base de mel ou açúcar) e queijadinhas de Sintra. À noite, os homens saíam para as cegadas. Percorriam então as ruas da cidade vestidos com uma camisa branca, de lenço ao pescoço e armados de uma guitarra, cantando à desgarrada. No recinto da festa, rapazes e raparigas animavam os bailes e assistiam ao fogo de artifício.
A festividade atraía muitas pessoas vindas de fora. Oriundos de Setúbal, numerosos barcos desciam o Sado e atracavam no cais da Ribeira Velha, trazendo, todos os anos, muitos romeiros para a festa.
Com o passar do tempo, a romaria do Senhor dos Mártires foi perdendo a sua importância social e religiosa pelo que deixou de se realizar. Nos últimos anos têm, todavia, sido desenvolvidos esforços para retomar esta tradição.
Camarão do rio, arroz de lingueirão, choco frito e amêijoas abertas ao natural são alguns dos petiscos à base de marisco do rio que reinam nas tasquinhas do Festival Sabores do Sado, que se realiza na margem sul de Alcácer do Sal no mês de julho.
O certame, promovido pela União das Freguesias das Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana com o apoio da Câmara Municipal, visa promover os produtos locais, nomeadamente os que têm origem no Sado, combinando as iguarias do rio com uma festa plena de música, dança e grande animação. Contempla também a procissão e romaria no Sado em honra de Santa Maria do Castelo (tradição retomada em 2006): após a realização da homilia na Igreja de Santa Maria do Castelo, o andor com a Santa é transportado por populares até à margem do rio, onde entra num dos galeões do sal e zarpa em romaria pelo rio, escoltado por embarcações engalanadas de Alcácer, Carrasqueira e áreas vizinhas.
Na origem do Festival Sabores do Sado está a fusão de vários eventos em 2014 após a agregação de três juntas de freguesia sob a nova designação de União das Freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana.
Por altura do mês de junho, sinónimo de arraiais, sardinhadas e muita festa e animação, Alcácer do Sal “veste-se” a rigor para celebrar o S. João. Neste âmbito, a Câmara Municipal promove em conjunto com comerciantes e moradores da cidade e a União das Freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana o projeto “Ruas de São João”, que tem por objetivo revitalizar tradições e transmitir conhecimentos às gerações mais novas, com as ruas da cidade a serem enfeitadas com manjericos de papel, bandeirinhas, chorões e afixação de quadras populares nas montras das lojas e paredes de vários edifícios.
Reza a lenda que as melhores receitas doceiras do concelho de Alcácer do Sal nasceram das mãos das freiras do Convento de Aracoeli, instituição religiosa que funcionou no castelo da cidade até ao princípio do século XIX. Independentemente da sua inspiração mais ou menos divina, o que é certo é que a doçaria concelhia – que tem no pinhão e no mel duas das suas matérias-primas por excelência – é apreciada por todos os que a experimentam. Foi pois com o intuito de promover o pinhão e o mel, bem como a gastronomia e a doçaria regionais que a Câmara Municipal de Alcácer do Sal inaugurou, em 1990, a PIMEL.
Passados vários anos sobre a sua criação, a feira é hoje bastante diferente do que era inicialmente. Aquela que começou por ser a Feira do Mel, do Pinhão e da Doçaria Tradicional deu lugar à Feira do Turismo e das Atividades Económicas, um espaço de promoção da economia não só do concelho, mas de todo o litoral alentejano. Além dos concursos de doçaria e de mel, decorrem ocasionalmente no evento demonstrações de atividades equestres e cinófilas e mostras relacionadas com atividades de lazer, como a pesca, a caça ou os desportos radicais.
A PIMEL é, pois, a feira indicada para todos os que apreciam a boa gastronomia e doçaria, para os que gostam da vida ao ar livre, mas sobretudo para os que querem usufruir do dinamismo económico e cultural de Alcácer do Sal.
Em 1946, por ocasião dos Santos Populares, a Sociedade Filarmónica Amizade Visconde d’ Alcácer fez desfilar a Marcha Popular da Calceteira. Esta iniciativa pode ser considerada como o primeiro passo para a criação de uma das maiores manifestações da arte popular alcacerense: as marchas populares.
Demorariam, no entanto, oito anos para que as marchas de Alcácer saíssem efetivamente para a rua. A 13 de junho de 1954 (dia de Santo António) os bairros dos Açougues, Cabo da Vila e São Pedro e a rua Direita desfilam pela primeira vez pelas ruas da cidade. A partir dessa data, as marchas populares passaram a realizar-se regularmente, de quatro em quatro anos, dando expressão a uma saudável rivalidade bairrista e à criatividade de poetas, compositores, coreógrafos, carpinteiros, pintores, eletricistas e costureiras alcacerenses.
A última edição das marchas de Alcácer data de 1997.
Nos últimos anos tem-se procurado recuperar esta tradição alcacerense, de tal modo que, por altura da PIMEL, as marchas infantis recriaram em 2006 e em 2009 a alegria que noutros tempos a marchas populares traziam ao concelho. Em 2024, a marcha de Alcácer saiu à rua com “Arte e Tradição” na noite de 23 de junho e apresentou as suas marcações na Praça de Touros João Branco Núncio. A iniciativa inseriu-se na PIMEL, teve o apoio do Município e ganhou vida através da Comissão Organizadora (constituída pelas Sociedades Filarmónicas Amizade Visconde d’Alcácer e Progresso Matos Galamba).
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