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Um concelho tão rico quanto o de Alcácer do Sal não se faz só de História, mas também de estórias, lendas contadas de boca em boca e que perduram desde os tempos antigos até à atualidade. Conheça algumas delas nesta secção.
Por todo o Baixo Alentejo são muitas as pessoas que dizem ouvir, por vezes, o som de uma máquina de costura que trabalha sem parar. Diz quem ouve que o som é tão nítido que se pode mesmo reconhecer o som do pedal da máquina e da linha a partir. Estes inexplicáveis sons deram origem à Lenda da Costureirinha, história de que podemos ouvir várias versões se percorrermos o concelho.
Segundo uma das versões, em tempos que já lá vão, uma certa costureira fez um vestido de noiva para a filha, mas esta morreu antes do casamento. Cheia de tristeza, a senhora terá continuado a costurar por toda a eternidade.
Numa outra versão da história, uma costureira tinha um marido alcoólico, sendo obrigada a trabalhar dias a fio, sem parar, para poder sustentar a família. Reza a lenda que nem mesmo depois de morta terá parado de costurar.
Conta-se ainda que uma certa costureira adoeceu gravemente. Com intuito de recuperar a sua saúde prometeu que doaria a sua máquina de costura caso melhorasse. Porém, assim que recuperou esqueceu-se do prometido, por isso quando faleceu, como castigo, foi obrigada a continuar a costurar.
Por fim, numa outra versão da lenda, uma costureira prometeu fazer um manto para oferecer a Nossa Senhora. Como não o fez, depois de morta foi condenada a levar uma vida errante até cumprir a sua promessa.
Por todo o concelho de Alcácer do Sal é fácil encontrar pessoas que digam ter tido um encontro com a famosa luz da caniceira, uma luz serena e muito brilhante que surgia de noite, em locais isolados, acompanhando as pessoas ao longo dos seus percursos. Estas estranhas aparições deram origem à lenda da luz da caniceira.
De acordo com a lenda, uma mulher solteira teve uma filha ilegítima. Não querendo ficar com a bebé, lançou-a ao forno onde cozia o pão. A alma da menina recém-nascida ter-se-á então transformado numa luz – a luz da caniceira.
Outra versão da história afirma que a luz é a alma de uma pessoa a quem foi rogada uma praga.
Conta-se que, na Herdade de Palma, um homem andava a cavalgar quando viu a luz. Atemorizado, praguejou contra o fenómeno. De imediato o cavaleiro terá sentido uma bofetada que lhe deixou na cara a marca de uma queimadura.
Alcácer do Sal foi uma das povoações abaixo do Tejo mais difíceis de conquistar aos mouros. D. Afonso Henriques tomou o castelo da cidade em 1160, mas a conquista não durou muito. Em 1191 os muçulmanos estavam de novo em poder do castelo da cidade e só em 1217, depois de dois meses e meio de cerco por parte das tropas de D. Afonso II, os Almóadas foram expulsos definitivamente de Alcácer.
Conta a lenda que, na altura em que, aterrorizados pela sanha dos cristãos, os mouros fugiram do castelo, uma bela menina terá ficado para trás.
Chamava-se Almira e mal falava ainda. Recolhida pelos soldados, foi criada no castelo como cristã e cresceu rodeada de amor. Dotada para a música, aprendeu a tocar alaúde. Sem conhecer o seu passado, Almira carregava consigo uma saudade e tristeza que a tornavam uma excecional poetisa. O seu canto, que rivalizava com qualquer um dos trovadores que passassem pelo castelo, encantava todos os que o ouviam e, por isso, muitos cavaleiros se deixaram seduzir pela bela rapariga. Almira, porém, a nenhum dedicava o seu amor. Honrava-os nos seus poemas, mas continuava distante e intocável. Assim permaneceu até ao dia em que conheceu D. Gonçalo, nobre cavaleiro que chegou a Alcácer do Sal em busca de honra e serviço.
A jovem moura deixou-se encantar pelos olhos de D. Gonçalo a quem dedicava as mais belas melodias.
“Pois é mais vosso que meu
Senhor, o meu coração
Pois vossos cativos são
Meus olhos, lembro-vos eu.”
Almira entoava estes versos do alto da sua janela. Certa noite, o seu canto teve resposta. Era D. Gonçalo que dedicava à moura alguns versos de amor:
“Mais digna de ser servida
Que senhora deste mundo,
Vós sois o meu deus segundo
Vós sois meu bem desta vida.”
Ouvindo o canto melodioso do seu amor, Almira só terá exclamado: “Oh, meu senhor D. Gonçalo!”. O resto não conta a lenda, mas diz-se que desde então, em certas noites de luar de agosto, se podem ouvir junto às muralhas do castelo os sussurros dos amantes eternamente encantados.
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